segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Coimbra tem mais encanto



O azul é a minha cor favorita. As faianças um dos meus temas de eleição. Em conjunto, tornam-se um motivo para debater algumas ideias, aventar hipóteses, sugerir ...
Neste recanto em tons de azul reuni algumas peças que poderemos, com alguma certeza, atribuir à produção coimbrã. As palanganas  são-no, indubitavelmente. As terrinas, pelo formato, pela cor, pela decoração, também apontam para uma mesma  proveniência.



Duas peças em ricos tons de azul, com apontamentos de manganés. Nitidamente inspiradas na produção oriental e no conceito de horror vacui mostram-nos uma ornamentação de vegetação exuberante, na qual as flores se distribuem por toda a superfície, numa clara demonstração de vontade de o autor preencher todo o espaço de que dispunha. Partindo de uma base assinalada por dois traços, as ramagens espalham-se, subindo até ao topo, definindo um eixo vertical à composição. Pelo meio, breves apontamentos de leves pinceladas, assumem-se como as folhas desses mesmos ramos de flores. Estas, em esponjado, uma das características que define a Faiança Ratinha, exibem a sua riqueza cromática, nos seus magníficos azuis, limitados pelo correr do pincel, em traços cheios ou ondulados, numa interpretação livre dos seus autores.


Entre outros materiais, considerados mais ricos e nobres, a pobreza da faiança coimbrã, moldada pelas mãos rudes e trigueiras dos seus artesãos, revela toda a sua riqueza nas formas, na policromia, na decoração e num enternecer que aquece as almas.





Palangana de ramo central de flores de linho. Sereno e belo. Toda a sua pujança está na cercadura, encordoada, num entrelaçar entre círculos esponjados e  traços elegantes e leves. A sua bicromia - azul e manganés - sobressai no fundo branco leitoso do seu revestimento esmaltado.





Duas terrinas que poderão ser atribuídas à produção (?) de Coimbra. Os seus tons de azul conjugam bem com as peças ratinhas anteriormente caracterizadas. A forma hexagonal de uma delas é usualmente atribuída a Coimbra. A sua decoração marmoreada lembra os lambris de azulejos, igualmente marmoreados,  que cercavam muitas das composições azulejares que podemos observar in loco ou nos museus. Ambas têm um tamanho mignon . Por isso ainda mais atraem o nosso olhar.